Um guia honesto para quem está considerando começar terapia — e ainda não sabe por onde começar.
Introdução
Você já pensou em fazer terapia, mas parou no meio do caminho?
Talvez tenha surgido aquela dúvida:
- “Será que é pra mim mesmo?”
- “E se não souber o que dizer?”
- “E se nem for tão sério assim?”
Se você já se fez alguma dessas perguntas, saiba que não está sozinho.
A ideia de procurar ajuda psicológica ainda vem cercada de mitos, receios e uma sensação estranha de “não sei bem o que esperar”.
Muita gente acredita que só deve buscar terapia em casos extremos — quando a vida já virou caos completo.
Mas e se a terapia não fosse um último recurso?
E se fosse justamente a ferramenta que você precisa agora, para se escutar com mais carinho, se entender com mais profundidade e se permitir viver com mais leveza?
Este artigo não é uma propaganda nem um manual técnico.
É um convite. Uma conversa honesta sobre como a terapia pode ser um espaço transformador — mesmo (e principalmente) quando você ainda não tem todas as respostas.
Por que ainda temos tanta dúvida sobre fazer terapia?
A verdade é que ninguém ensina a gente a cuidar da saúde emocional.
A maioria de nós cresceu ouvindo que era preciso ser forte, aguentar calado, seguir em frente, sem reclamar demais.
Expressar sentimentos era “drama”, pedir ajuda era “fraqueza”, e ir pra terapia… quase um tabu.
Com o tempo, muita coisa mudou — ainda bem. Mas algumas ideias antigas continuam nos rondando:
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A ideia de que “terapia é só pra quem tá mal”.
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A vergonha de se abrir com alguém estranho.
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O medo de descobrir coisas difíceis sobre si mesmo.
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A dúvida se “meus problemas são graves o suficiente”.
Tudo isso é compreensível.
Começar terapia é, sim, um ato corajoso.
Mas não porque você está “quebrado” ou “doente”, e sim porque você decidiu parar de se virar sozinho e buscar um espaço só seu.
Um espaço onde ninguém vai te interromper, corrigir, minimizar ou tentar resolver sua vida em cinco minutos.
Como saber se a terapia é para mim?
Talvez essa seja a pergunta que mais se repete, silenciosamente, dentro da cabeça de quem está prestes a dar o primeiro passo.
E a resposta, por mais frustrante que pareça, é: só você pode saber.
Mas existem alguns sinais — sutis ou evidentes — que podem indicar que chegou a hora de buscar ajuda. Não são regras fixas, mas pistas internas que vale a pena observar com atenção.
Sinais emocionais que indicam que algo dentro de você pede cuidado:
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Você sente que está sempre cansado, mesmo sem fazer tanto esforço físico.
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Tem dificuldade de sentir prazer nas coisas que antes gostava.
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Vive no automático, desconectado do que sente, apenas “cumprindo funções”.
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Tem explosões emocionais que não consegue explicar (choro fácil, irritação, ansiedade).
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Sente que está repetindo padrões que já te machucaram antes.
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Não consegue conversar com ninguém sobre o que realmente sente.
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Tudo parece estar bem “por fora”, mas por dentro… falta alguma coisa.
Frases internas que revelam muito:
- “Não sei por que me sinto assim, mas não estou bem.”
- “Tem gente com problemas piores. Eu não tenho do que reclamar.”
- “Devo estar exagerando.”
- “Eu aguento.”
- “Não quero preocupar ninguém.”
- “Talvez se eu dormir, passe.”
Esses pensamentos são comuns, mas muitas vezes escondem dor, exaustão e solidão.
A terapia não vai apagar mágicas essas vozes — mas pode te ajudar a entender de onde elas vêm, e o que você pode fazer com elas.
E se você estiver “bem”, mas com curiosidade?
Terapia também é para quem quer se conhecer melhor.
Você não precisa estar em colapso para se permitir refletir sobre quem é, o que sente e o que deseja.
Muita gente procura terapia não por estar “quebrada”, mas por estar cansada de repetir padrões, de se calar, de fingir que está tudo certo quando não está.
Outras pessoas chegam movidas por uma pergunta simples: “Será que dá pra viver de outro jeito?”
A resposta, na maioria das vezes, é: sim. Mas talvez você precise de alguém ao lado para caminhar esse começo com você.
O que acontece numa sessão de terapia?
Uma das maiores fontes de ansiedade para quem está pensando em começar terapia é não saber o que esperar de uma sessão.
Imagens de filmes e séries criaram uma ideia meio caricata: uma pessoa deitada num divã, falando sozinha, enquanto alguém com cara séria faz anotações num caderninho.
Mas a realidade é bem mais humana — e menos assustadora.
A primeira sessão: sem roteiro, sem teste, sem julgamento
A primeira sessão geralmente é um momento de escuta aberta.
Você não precisa chegar com um discurso pronto ou com uma lista de problemas. Pode, inclusive, começar dizendo:
“Não sei direito por que estou aqui.”
E isso já é um ótimo começo.
O terapeuta vai te acolher no ponto onde você está, com suas dúvidas, sua linguagem, seu tempo.
É um encontro para começar a construir uma relação. E sim, relação — porque terapia é vínculo, não atendimento automático.
O que o terapeuta faz?
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Ele escuta, de verdade. Sem pressa, sem interromper, sem julgar.
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Não vai te dar uma “receita de bolo”.
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Não vai te dizer o que fazer com sua vida.
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Também não vai te expor a nada que você não esteja pronto para tocar.
A função principal do terapeuta é te acompanhar no processo de entender o que você sente, por que sente, e o que fazer com isso.
Às vezes ele vai fazer perguntas. Outras vezes vai ficar em silêncio junto com você.
O importante é que você se sinta num espaço seguro. Um espaço onde possa dizer o que não costuma dizer em nenhum outro lugar.
E se eu travar? Se não conseguir falar?
Isso acontece. E está tudo bem.
Tem gente que fala muito. Tem gente que chora sem entender por quê. Tem gente que só consegue contar as coisas aos poucos, com muito cuidado.
Tudo isso é parte do processo.
Na terapia, não existe “jeito certo” de ser atendido. Existe o seu jeito — e ele será respeitado.
E depois da sessão?
Cada pessoa sente algo diferente.
Tem quem saia mais leve. Tem quem fique mexido.
Tem quem sinta confusão, clareza, cansaço ou um alívio silencioso.
Tudo isso é válido.
A terapia começa a fazer efeito quando você começa a se permitir olhar pra dentro com menos medo e mais verdade.
Mitos comuns sobre a terapia
Muita gente carrega ideias distorcidas sobre o que é — e o que não é — fazer terapia.
Esses mitos funcionam como barreiras invisíveis que atrasam (ou até impedem) que alguém busque ajuda.
Chegou a hora de olhar de frente para essas crenças e colocá-las em perspectiva.
❌ “Terapia é coisa de gente fraca”
Essa é clássica. E cruel.
Na verdade, pedir ajuda é um ato de coragem.
É muito mais fácil continuar fingindo que está tudo bem do que encarar o que dói.
Fazer terapia não te torna fraco.
Te torna consciente. E estar consciente é o primeiro passo para se tornar mais forte — de verdade, não só por fora.
❌ “Só quem tem problemas graves precisa disso”
Problemas graves precisam de atenção, sim.
Mas e os problemas que vão se acumulando em silêncio, aos poucos? A sobrecarga que você vai normalizando? O mal-estar que não tem nome, mas está sempre ali?
A terapia é um espaço de prevenção, não só de emergência.
Você não precisa estar à beira de um colapso para se cuidar.
❌ “Eu tenho amigos, não preciso de terapeuta”
Ter bons amigos é uma bênção. Mas amizade não substitui terapia.
Amigos te ouvem com carinho, mas também opinam, aconselham, se envolvem.
Terapeuta é alguém treinado para te ouvir de outro lugar — neutro, ético, com escuta qualificada.
Sem te interromper, sem te dar respostas prontas, sem julgamento.
❌ “O terapeuta vai me dizer o que fazer”
Não vai.
Terapia não é GPS nem consulta mágica.
O terapeuta não está ali para decidir sua vida, mas para te ajudar a enxergar melhor suas escolhas e entender seus movimentos.
Quem toma decisões é você.
Mas agora, com mais consciência de si mesmo.
❌ “Se eu começar, nunca mais vou parar”
Outro mito comum.
Não existe um tempo “ideal” de duração da terapia. Alguns processos são mais longos, outros mais pontuais.
Você pode ter um objetivo específico, como lidar com uma perda, uma fase difícil, um bloqueio emocional — e trabalhar isso em algumas sessões.
Você não está se comprometendo com a eternidade. Está apenas se permitindo começar.
❌ “E se eu não gostar do terapeuta?”
Isso pode acontecer.
Nem todo terapeuta combina com todo mundo — e tudo bem.
Se você não se sente à vontade, tem todo o direito de buscar outra pessoa.
Terapia não é prisão. É parceria. E você tem o direito de escolher com quem quer dividir o que carrega.
Como encontrar o terapeuta certo para você
Buscar um terapeuta pode parecer uma tarefa confusa no começo. Existem tantas abordagens, perfis e estilos diferentes que é comum se perguntar:
“Como vou saber se é a pessoa certa pra mim?”
A verdade é que não existe fórmula exata — mas sim alguns caminhos que podem te ajudar a escolher com mais segurança e, principalmente, com mais cuidado.
Primeiro: entenda o básico
Existem várias linhas de trabalho dentro da psicoterapia — como psicanálise, terapia cognitivo-comportamental (TCC), gestalt, humanista, sistêmica, entre outras.
Você não precisa entender profundamente cada uma delas para começar, mas pode ser útil ler um pouco ou até perguntar ao profissional qual abordagem ele segue e como ela funciona.
O mais importante é saber que:
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Nenhuma linha é “melhor” que a outra.
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O essencial é que você se sinta escutado, respeitado e acolhido.
Onde procurar?
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Plataformas de terapia online (há muitas confiáveis e sérias hoje em dia).
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Indicação de amigos ou pessoas que já fazem terapia.
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Redes sociais (muitos profissionais compartilham conteúdo e você pode sentir se há identificação).
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Conselhos regionais de psicologia (no Brasil, o CRP tem cadastros públicos).
Se você for LGBTQIA+, negro(a), neurodivergente ou pertencer a um grupo específico, pode ser interessante buscar alguém que trabalhe com escuta ativa e interseccional.
Como saber se rolou conexão?
Na terapia, o vínculo é tudo.
Mesmo com um ótimo currículo, se o terapeuta não te passa segurança, se você se sente travado, julgado ou desconfortável, isso pode atrapalhar o processo.
Na primeira sessão, repare:
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Você se sentiu ouvido de verdade?
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Sentiu que podia ser você, sem se explicar demais?
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A forma como o terapeuta te respondeu fez sentido para você?
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Houve respeito pelos seus silêncios, pelas suas dúvidas?
Se sim, ótimo.
Se não, tudo bem. Você pode procurar outra pessoa.
❗Importante: terapia não é obrigação
Você não precisa se forçar a continuar com alguém só porque “já começou”.
É seu direito mudar.
É seu direito dizer “não me senti bem aqui”.
A terapia deve ser um espaço onde você possa relaxar a guarda — não mais um lugar onde você precisa performar.
E se eu quiser parar? Ou sentir que não está funcionando?
Nem todo processo terapêutico flui do jeito que a gente imaginava.
Às vezes, você começa animado e depois sente que estagnou.
Ou inicia meio desconfiado, tenta se abrir, mas não sente conexão com o terapeuta.
E surge aquela dúvida incômoda:
“Será que estou fazendo isso direito?”
“Será que essa terapia é pra mim mesmo?”
Respira. Isso é mais comum do que parece.
Dúvidas e resistências fazem parte
O processo terapêutico não é uma linha reta.
Ele tem altos e baixos, momentos de silêncio, sessões desconfortáveis, semanas em que você sente que não saiu do lugar…
E isso não significa que está dando errado.
Muitas vezes, o incômodo é sinal de que você está tocando em pontos sensíveis — partes suas que estavam guardadas, abafadas, protegidas há anos.
Sentir resistência, cansaço, ou até raiva do processo é normal.
O importante é poder levar isso para a sessão e conversar com o terapeuta. A relação terapêutica é um lugar onde esses sentimentos também podem (e devem) ser trazidos.
Mas… e se realmente não estiver funcionando?
Às vezes, a terapia realmente trava.
Talvez não haja identificação com o profissional.
Talvez a abordagem não esteja funcionando para você.
Talvez o momento da sua vida peça outra coisa.
E tudo bem.
Você não é obrigado a continuar num processo que não te faz bem.
Você pode:
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Experimentar outras abordagens.
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Conversar com seu terapeuta sobre suas dúvidas e dificuldades.
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Fazer uma pausa, se precisar.
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Começar com outra pessoa.
Mudar de terapeuta não é traição.
É uma forma de se respeitar.
📌 Dica sincera:
Se você nunca se sentiu confortável desde o início, se sente que está sempre pisando em ovos ou se percebe que sai da sessão mais pressionado do que acolhido… talvez essa não seja a pessoa certa para te acompanhar.
E tudo isso faz parte do caminho.
O que a terapia pode (e o que não pode) fazer por você
Muita gente chega na terapia com esperança — e também com pressa.
Querem respostas rápidas, fórmulas claras, uma espécie de “manual para arrumar a vida”.
E é compreensível: quando a dor aperta, a gente quer alívio.
Mas é importante dizer, com carinho e honestidade:
a terapia não é uma solução mágica.
Ela não vai consertar tudo por você.
Mas pode ser a chave para que você comece a se escutar com mais profundidade, clareza e compaixão.
O que a terapia pode fazer por você:
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Criar um espaço onde você pode ser quem é, sem máscaras nem filtros.
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Te ajudar a identificar padrões que você repete e não entende.
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Te dar linguagem para nomear o que sente — e isso já é meio caminho andado.
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Ajudar a reconstruir sua autoestima de dentro pra fora.
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Trazer à luz dores antigas que estavam agindo em silêncio.
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Te fortalecer emocionalmente para fazer escolhas mais conscientes.
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Te acompanhar em momentos de crise, luto, rompimento, transição.
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Ser um ponto de apoio num mundo que exige tanto, tão o tempo todo.
O que a terapia não vai fazer:
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Não vai te dar uma lista pronta do que fazer com sua vida.
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Não vai te livrar da dor — mas pode te ajudar a atravessá-la.
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Não vai “resolver” seus relacionamentos — mas pode te ajudar a se posicionar neles de forma diferente.
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Não vai transformar tudo do dia pra noite.
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Não vai te mudar contra a sua vontade.
A terapia é processo.
É construção.
É um passo de cada vez.
Mas o que ela pode fazer — se você se permitir — é muito mais transformador do que qualquer atalho: ela pode te devolver a si mesmo.
Uma frase para guardar:
A terapia não te salva.
Mas pode te lembrar que você merece salvar a si mesmo — com cuidado, com presença, com verdade.
Considerações finais: O primeiro passo é só seu
Talvez você tenha chegado até aqui ainda em dúvida.
Talvez esteja mais certo agora de que precisa de um espaço para si.
Ou talvez tenha percebido que já está dando o primeiro passo só por estar lendo tudo isso.
Seja como for, quero te lembrar de uma coisa simples, mas essencial:
você não precisa estar no limite para buscar ajuda.
A terapia não é um castigo, nem uma última chance.
Ela é uma escolha. Um compromisso com seu bem-estar emocional.
É uma forma de dizer pra você mesmo: “eu importo. O que eu sinto importa. O que eu carrego merece ser olhado com cuidado.”
E se você decidir começar…
Vá no seu tempo.
Busque alguém com quem você se sinta seguro.
Permita-se não saber tudo de cara.
Você não precisa estar pronto — só precisa estar disponível para se escutar.
E se em algum momento a vergonha, a dúvida ou o medo baterem… volta aqui. Releia. Respira.
Esse processo é seu. Ninguém pode tirar isso de você.
Quer conversar?
Se você sentiu que esse texto falou com você, e está pensando em começar terapia, pode me chamar.
Atendo online, com escuta ética, acolhedora e sem julgamentos.
📱 WhatsApp: +55 31 99922-2441
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📧 E-mail: nessliendo@gmail.com
Você merece esse espaço.
E eu ficaria feliz em caminhar com você, se fizer sentido.
Com carinho,
Ness